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domingo, 28 de agosto de 2016

escrita e propriocepção

Escrever é uma tarefa que exige a mobilização de muitas habilidades e o domínio de pre-requisitos de que nem nos damos conta:


escolher a mão para pegar nos lápis, orientar o papel com a outra mão, sentar direito, desenhar as letras...é toda uma imensa e complexa sucessão de etapas.
Comecemos pela pressão que se exerce sobre o lápis. Algumas das nossas crianças seguram o lápis com tanta força que o bico parte, o traço fica demasiado carregado ou o o papel acaba por rasgar-se e a sensação de tarefa impossível de realizar vai ganhando contornos.
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A pressão a exercer sobre o lápis é gerida pelo sistema proprioceptivo - aquele que gere a percepção do próprio corpo, e inclui a consciência da postura, do movimento, das partes do corpo e das mudanças no equilíbrio, além de englobar as sensações de movimento e de posição articular.
O cérebro tem uma representação do próprio corpo na qual nem todas as partes têm a mesma "resolução". Curiosamente a face e as mãos ocupam uma área mais vasta no mapa desse corpo. Algo como a imagem que se apresenta ao lado chamada de homúnculo de penfield.


Esta informação é interessante porque a imagem mapeada pode ser trabalhada, melhorada em função da utilização que se der às respectivas partes. Por isso um programa adequado de estimulação proprioceptiva conduzido por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais ou psicomotricistas são importantíssimas para as crianças dravet.

Assim, em resumo, o sistema proprioceptivo recebe informação que lhe permite dosear a coordenar a força e a pressão a usar em cada tarefa do quotidiano.

Para escrever seguramos o lápis com os dedos indicador, médio e polegar, apoiados no anelar e no mindinho, mobilizamos todos os pequenos músculos da mão enquanto esta se move no papel num movimento fluido e "apenas" com a pressão necessária para produzir grafismos visíveis.

O que acontece então com as nossas crianças que seguram o lápis com tanta força que escrever torna-se uma tarefa frustrante?
Ausência de força na mão, dificuldades visuais, dificuldades motoras, desiquilíbrios no sistema proprioceptivo?

A estimulação certa deverá permitir "acordar" os músculos necessários à realização da tarefa, diminuir a resistência, gerir a pressão para que o traço possa, finalmente, sair.

Paralelamente podemos introduzir nas brincadeiras quotidianas alguns materiais que reforçarão as estrategias dos técnicos:

- bolas de stress,
- massas de moldar;
- borrachas adaptadas aos lápis e canetas, lápis grossos ou triangulares, ou até com texturas diferentes,
- canetas com vibração
- canetas com peso
- escrever/desenhar na areia
- utilização de quadros (de ardosia, brancos, etc.) para escrever e desenhar








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