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quinta-feira, 9 de março de 2017

Integração Sensorial Oral

Define-se integração sensorial como a organização da informação sensorial de acordo com a sua utilização. Os sentidos transmitem ao cérebro informações sobre as condições físicas do próprio corpo e do ambiente em redor. As alterações de integração sensorial influenciam o desenvolvimento normal da criança e podem causar alterações tanto a nível da modulação da atividade vestibular como, também, influenciar o aparelho digestivo.
Algumas doenças neurológicas apresentam uma hipersensibilidade aos estímulos sensoriais, tais como estimulação visual, assim como a cheiros particulares e texturas. Estes comportamentos incomuns podem ser persistentes e afetar as interações sociais, nomeadamente, causar uma alimentação restrita e ritualizada. A alimentação torna-se uma das áreas de atividade da vida diária que pode ser afetada negativamente devido a défices sensoriais.
O sistema sensorial táctil da cabeça e da face é anatomicamente diferente do sistema do resto do corpo, e assim as reações defensivas correlacionadas com a cabeça podem ser mais graves do que as do restante corpo
Como tal, a boca é uma das estruturas que contém mais recetores sensoriais que ajudam a identificar as texturas, as formas, a temperatura e sabor dos alimentos de forma a orientar o processo de alimentação.
As crianças com alterações de integração sensorial apresentam reações negativas ao toque ou a estímulos tácteis, odores, sons ou luzes e o mesmo pode ocorrer ao nível da cavidade oral, aumentando a defesa sensorial táctil oral em relação aos alimentos.
Destas alterações verifica-se o desenvolvimento de uma defesa oral que é definida como uma forma de evitar determinadas texturas alimentares, e evitar atividades que envolvem a cavidade oral, como por exemplo, lavar os dentes. A defesa oral pode fazer parte de um grande problema no input sensorial, o qual pode assumir diferentes formas e acarretar enumeras consequências, levando a uma insuficiência nutricional, mais preocupante será, ainda, se os tipos e variedades de alimentos forem, também, restritos. Isso faz da seletividade alimentar um risco potencial para a saúde.
Quando as crianças evitam comer uma determinada variedade de alimentos pode significar uma reação sensorial negativa às diferentes texturas dentro ou em torno da boca.
Os pais de crianças com estas alterações frequentemente referem que seus os filhos são altamente seletivos, com um repertório muito restritos na aceitação de alimentos. “Exigentes com a comida”, também referidos como seletivos nos alimentos, é um problema considerável uma vez que pode ser associado a uma nutrição inadequada, como resultado desta restrição alimentar.

O que fazer para melhorar?

Cada caso é um caso e nada melhor do que consultar o Terapeuta da Fala.

Inês Gois
Terapeuta da Fala

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Recursos/ Horários Visuais

Muitas da nossas crianças com dificuldades de fala e linguagem beneficiam do uso de imagens, sinais e outros recursos visuais para apoiar as suas habilidades comunicativas.
A organização diária ou os horários visuais são uma opção a ponderar muitas vezes.
Crianças com Síndrome de Dravet apresentam múltiplas convulsões que afetam a sua organização global causando uma destruturação generalizada.
A informação visual ajuda a estruturar e a reduzir a ansiedade, mostrando às crianças o que vai acontecer ao longo do seu dia, o que vai ajudar a serem cada vez mais independentes e autónomos.Os recursos visuais permitem, ainda, explorar a linguagem e ajudá-los a aprender palavras que estão correlacionadas com as atividades, assim como, comunicar de forma mais clara e eficiente com os outros.
O horário visual é de fácil elaboração.É uma mais valia recorrer ao Terapeuta da Fala.
Há que reunir um conjunto de cartões, com símbolos, imagens ou fotografias de ações diárias da criança. Estas devem ser dispostas pela ordem em que vão acontecer ao longo do dia, mostradas à criança e nomeadas enquanto apontamos para o que irá ser feito.
Quando a primeira atividade é concluída, deve ser retirada do horário. Em seguida, mostramos a próxima imagem da ação que se segue. Repetir o procedimento para cada atividade.
O objetivo é que a criança possa ver ou aceder de forma autónoma ao seu horário.
Há algumas aplicações de horários visuais. Uma delas é a ChoiceWorks. Este tem biblioteca com símbolos e permite colocar as nossas próprias imagens/fotografias (infelizmente é paga e não há em Português).

As pistas/ horários visuais podem ser uma ótima maneira das nossas crianças se estruturarem, organizarem e compreenderem o mundo à sua volta.
Não esquecer... com simplicidade o mundo fica mais fácil de ser compreendido!

domingo, 20 de novembro de 2016

materiais da terapia da fala



Da pasta da terapia da fala, elaborada nos anos 2013/2014 e 2014/2015 para o João, pela terapeuta da fala Ana Costa.
A estratégia tem sido: usar imagens de pessoas, actividades e lugares de que o João gosta. Associa-las com o sistema PECS (Sistema de comunicação por troca de imagens) e, progressivamente retira-los deixando apenas as palavras.

Começamos com as palavras mais simples: primeiro o nome, depois "pai" e mãe" e Bia. Progressivamente introduziram-se mais palavras e hoje já não usa este tipo de fichas. Trabalha-se cada frase no caderno. Sempre que se introduzem palavras novas continuamos a recorrer a imagens mas são retiradas assim que as reconhece de forma consistente.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

materiais terapia da fala







Materiais do dossier de terapia da fala preparado para as ferias do verão que terminou. Reconhecimento e identificação de palavras.

















Trabalhar o som "l"

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Os livros, as historias e os seus benefícios

Há muito que todos conhecemos os efeitos positivos dos livros e das historias na vida das crianças e de todos nós.
A minha experiência, enquanto mãe de duas crianças e de aprendiz de pedagogia, mostrou-me que tudo o que se diz sobre os efeitos de ler para as crianças é verdade.
O João, o meu filho com dravet e a Beatriz, a filha sem dravet, adoram livros e historias. Estou convencida que o seu vocabulário, a capacidade de ler o mundo, de se expressar, o seu imaginário, foram moldados por elas.

Aproveitando uma informação que a Biblioteca Municipal de Beja divulgou no facebook deixo aqui um conjunto de dicas para contar historias aos nossos filhos.

1. Escolher bem as historias

Se eles escolhem optimo, se assim não for, optar por um tema que lhes diga algo. Quando são pequenos podemos optar por historias com animais, com frases curtas, rimas, sons, cantigas. Quando o João era muito pequeno começamos a perceber que ele já tinha decorado as historias que lhe líamos porque, quando parava a historia ele dizia a palavra seguinte.
À medida que crescem podemos deixar os gostos deles guiarem-nos.

Notas:
  • E não vale começar a imaginar que lá porque têm défice cognitivo não percebem, ou não gostam de historias e de livros.
  • Perguntem aos terapeutas da fala dos vossos filhos se isto não é assim.

2. Fazê-los participar

Dar aos ouvintes a oportunidade de participar na leitura da historia é fácil: um chapéu, uns óculos, uma varinha de condão, um instrumento para fazer um certo som, imitar um carro que passa, bater à porta, etc.
Quando são muito pequenos pode começar de forma simples (imitar o som do cão a ladrar), à medida que vão crescendo ou desenvolvendo o discurso podem completar as frases, dizer a deixa de uma personagem, recontar partes ou a totalidade da historia.

Notas:
  • Os contadores de historias dizem-nos sempre que a identificação emocional com as historias é que as tornam especiais. Por isso o ritmo, os gestos, a imitação das vozes, alguma teatralização ajudam muito.
  • Uma das estratégias usadas no trabalho de terapia da fala com o João inclui recontar partes de historias, uma parte do dia, da actividade realizada, etc. Estamos assim a mobilizar vocabulário, a organização sequencial no tempo e a memoria.
  • Se a criança/jovem não fala (discurso verbal) é possível organizar elementos físicos que a ajudem a dar a sua versão da historia e/ou dos acontecimentos. Uma boneca de pano com uma capa vermelha ajuda a explicitar a historia do capuchinho vermelho.



O efeito mais positivo é, contudo, o reforço do vínculo entre quem conta (sejamos nós os pais ou qualquer outra pessoa que o faça) e quem ouve.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Terapia da Fala - Quando iniciar?

Várias vezes colocamo-nos perante a questão “Quando será a altura indicada para iniciar a Terapia da Fala?”.
Associado a esta pergunta ouvimos também muitas vezes “Ainda é cedo”, “É tão pequenino, vamos dar tempo”, entre tantas outras coisas.
Como geralmente acontece, não há uma resposta estanque e igual para todas as crianças.
Entre o esperar até uma determinada idade e iniciar de imediato a intervenção, há um conjunto de factores a considerar.
No caso específico de crianças com Síndrome de Dravet, será a evolução do próprio estado clínico e sua progressão que poderá ditar em que altura será vantajoso iniciar a intervenção.
Desde cedo as crianças começam o seu percurso no desenvolvimento dando os passos na interação, comunicação e desenvolvimento de linguagem. Desde as primeiras trocas de olhares, às primeiras vocalizações, produção de sílabas, à compreensão do que se passa à sua volta, do que o adulto lhe está a dizer.
Quando começa a ser notória uma alteração nos marcos do desenvolvimento, é importante que, em conjunto com a equipa médica/terapêutica, seja feita uma avaliação global, de todas as áreas.
Caso exista um atraso no desenvolvimento de uma destas áreas (comunicação, linguagem, fala, etc) é importante que seja feita uma avaliação em Terapia da Fala e que se pondere o acompanhamento, seja este apoio direto ou indireto.
Não existe uma idade específica pela qual devemos esperar para iniciar o apoio em Terapia da Fala. Dependendo dos casos (patologias específicas), a intervenção pode mesmo iniciar logo à nascença.
Sim, pode haver acompanhamento em Terapia da Fala com crianças que se encontram ainda numa fase pré-verbal, ou seja, que ainda não falam. Há muito caminho a ser trabalhado previamente…

Não vale a pena prendermo-nos demasiado com o factor idade ou fala, mas sim com as linhas do desenvolvimento, o estado clínico e a prioridade a cada momento.